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Encontro de Comunicadores lança a articulação Comunicação por Outro Mundo Possível – COMP

Comunicadores e comunicadoras de organizações ambientalistas, pastorais e de direitos humanos, reunidos em Brasília nos dias 13 a 15 de março, decidiram organizar uma articulação para compartilhar conteúdos e fortalecer suas ações de comunicação. A articulação não terá um site próprio, mas o conteúdo feito por cada equipe de comunicação estará disponível para todas as outras organizações publicarem. Também haverá reforço mútuo das publicações nas redes sociais.

Dezenove organizações compareceram ao encontro, mas a articulação deve receber adesão de outras. Haverá um espaço privado para disponibilização instantânea de todo o conteúdo enviado. A articulação COMUNICAÇÃO POR OUTRO MUNDO POSSÍVEL – COMP também terá uma agenda comum de campanhas para o ano de 2019. Os temas serão distribuídos durante o ano e os assuntos serão: defesa do território; reforma da previdência; migrantes; desertificação; grito dos excluídos e sínodo da Amazônia. 

Antônio Martins, do portal de notícias Outras Palavras fala durante o encontro através do skype

Além dos momentos deliberativos e dos debates, o Encontro teve contribuições dos jornalistas Bia Barbosa, do coletivo de jornalistas Intervozes, Antônio Martins, do portal Outras Palavras, e do padre Ermanno Allegre, fundador do portal Adital. Entre inúmeras contribuições, esses especialistas falaram sobre a importância da profissionalização dos setores de comunicação das entidades, o trabalho de comunicação em rede e a necessidade de combater a desinformação.

Outra prioridade da COMP será trabalhar para a formação de Comunicadores Populares, treinando pessoas das comunidades para que elas mesmas gerem notícias sobre sua realidade. Além de abrir um novo canal para geração de notícias, a formação de Comunicadores Populares tem um caráter pedagógico importante para o empoderamento das comunidades, que poderão ter voz própria. 

Parte dos comunicadores e comunicadoras participantes do encontro.

As novas publicações poderão ser conferidasnos seguintes sites:

cnlb.org.br
formad.org.br
semfronteirasnomadeira.blogspot.com
olma.org.br
tapajosvivo.blogspot.com
jubileusul.org.br
mtcbrasil.org.br
asabrasil.org.br
pom.org.br
icaracol.org.br
cimi.org.br
cebi.org.br
caritas.org.br
facebook.com/saressj
fmclimaticas.org.br

O encontro de comunicadores também elaborou uma carta pública que situa a importância da comunicação para o combate à desinformação que predomina na sociedade brasileira e levar qualificação ao debate político. Leia a íntegra da carta:

Comunicação a serviço da democracia

Brasília, 15 de março de 2019 

Nós, comunicadoras e comunicadores de diversas organizações reunidos a convite do Fórum de Mudanças Climáticas e Justiça Social, somos testemunhas da luta do nosso povo e damos o alerta para a política que está se instalando no Brasil. Nosso povo está sendo atacado, os indígenas massacrados, os trabalhadores perdendo seus direitos, as entidades que os defendem são perseguidas e monitoradas, sindicatos estão sendo inviabilizados, universidades perdem recursos e autonomia, professores são perseguidos pela lei da mordaça.

Esse cenário político é confirmado por um ambiente de comunicação afogado por desinformação institucionalizada. Uma verdadeira guerra de mentiras que ludibria, manipula e induz a decisões equivocadas. Nossa sociedade está doente. Cresce a violência em ambientes que deveriam ser absolutamente seguros, dentro das casas, dentro das escolas, dentro das famílias, dentro das igrejas. Os crimes de ódio são repercutidos e incitados por pessoas que têm o dever de defender as políticas públicas protetivas e governar para a paz.

Se queremos construir uma sociedade mais justa, saudável e pacífica precisamos ouvir o Papa Francisco. Precisamos trazer para as nossas entidades, as nossas igrejas, as nossas famílias e para a nossa vida a generosidade, a corresponsabilidade, a reciprocidade e a amorosidade. As lutas pela água como um direito e não mercadoria, pela defesa dos povos indígenas e seus territórios, pelo combate a mudanças climáticas, pela construção de uma nova matriz energética diminuindo o uso de combustíveis fósseis, contra a destruição que a mineração provoca nos territórios, contra as cercas que condenam os pobres e protegem os ricos, contra a acumulação de capital, pela reforma agrária, pela defesa dos diversos grupos étnicos, contra o racismo, a homofobia e muitas outras lutas que são base na busca de outro mundo possível. 

A comunicação é uma importante atividade para retomar o ambiente democrático, levar para as pessoas notícias que alimentem as esperanças e estimulem o debate saudável. Nossa comunicação deve buscar a verdade e noticiar especialmente iniciativas que já são realidade e as necessidades dos povos mais pobres e vulneráveis, que precisam ser vistos, ouvidos, amparados. Comunicar não é um acessório na luta dos movimentos sociais. É uma atividade que deve ser vista como basilar no nosso trabalho.

Nossa comunicação precisa ser estratégica e fortalecida para que fertilize essa nova sociedade que precisamos semear. Para isso precisamos cumprir muitas tarefas: dar mais autonomia para os comunicadores, investir em formação continuada e formar equipes que possam trabalhar sem sobrecarga, mesmo compreendendo que os recursos das nossas entidades são muito limitados.

A comunicação popular é uma grande esperança para ampliar a voz do nosso povo. As notícias vindas de dentro das comunidades, escritas pelo próprio povo têm um poder libertador. É um processo pedagógico que pode dar uma contribuição inestimável para a sociedade como um todo.

Assim, decidimos nos unir em uma articulação de comunicação para aumentar o alcance, ampliar as temáticas e melhor incidir no debate público do país. Criamos hoje a articulação COMUNICAÇÃO POR OUTRO MUNDO POSSÍVEL –- COMP. A união das nossas comunicações, se reforçando e colaborando mutuamente, será importante para a busca pela democracia e libertação do nosso povo.

Entidades participantes:

Instituto Madeira Vivo- IMV

Movimento Nacional Fé e Política

MovimentodosTrabalhadores e Trabalhadoras do Campo- MTC

Observatório Nacional de Justiça Socioambiental Luciano Mendes de Almeida- OLMA

Conselho Indigenista Missionário- CIMI

Misereor

Rede Jubileu Sul

Cáritas Brasileira 

Articulação Semiárido Brasileiro- ASA

Serviço Amazônico de Ação, Reflexão e Educação Socioambiental – SARES

Conselho Nacional do Laicato Brasileiro- CNLB

Fórum Matogrossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento- FORMAD

Instituto Caracol

Movimento Tapajós Vivo

Pontifícias Obras Missionárias- POM

Centro de Estudos Bíblicos- CEBI

Fian Brasil– Organização pelo Direito Humano à Alimentação e à Nutrição Adequadas

International Rivers

Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social