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Seminário alerta para mudanças climáticas nos quatro biomas do Nordeste


Evento realizado pelo FMCJS reuniu 50 representantes dos nove estados nordestinos

O Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Socioambiental (FMCJS) realizou, nos dias 23 e 24 de outubro, o Seminário Regional Nordeste, com participação de 50 representantes dos nove estados da região. Ele foi um ponto de chegada dos encontros realizados em cada estado e novo ponto de partida para mais e melhores ações visando enfrentar o que causa as mudanças climáticas e garantir os direitos das pessoas mais afetadas por elas.

Durante o encontro, os estados apresentaram a situação concreta em que se encontram os quatro biomas existentes na região: zona costeira, mata atlântica, caatinga semiárida, e o cerrado. A partir da sistematização desta realidade e das práticas de convivência com os biomas, os participantes refletiram, juntos, sobre as prioridades e possíveis avanços na transição energética da região. “Ficou claro que precisamos lutar politicamente contra estes falsos projetos de energias ditas limpas, as grandes usinas eólicas e solares, a energia nuclear. Queremos energia renovável democrática e participativa”, ressaltou Ângelo Zanré, assessor da Associação Provida (PE).

Por outro lado, o evento destacou a força e resistência do povo nordestino que avança na convivência com o semiárido e toda a sua região na base do amor à natureza e muita criatividade. Afinal, se dependesse das grandes empresas capitalistas e governos, “as condições de vida estariam muito mais precárias”, afirma Ivo Poletto, membro do grupo executivo do FMCJS. Durante o seminário, foi apresentado que, ainda em nome de um desenvolvimentismo sem limites, as empresas fazem de tudo para aumentar seus lucros.

As ameaças são várias: mais terras usando a grilagem, a violência contra as comunidades tradicionais e indígenas; mais água misturada com produtos químicos e veneno para produzir soja e criar bois, para fazer funcionar as usinas térmicas, as indústrias e as centrais de energias eólicas e solares; extração de urânio em Santa Quitéria (CE), repetindo os desastres socioambientais já sofridos pelo povo de Caetité, na Bahia; e planos de construir mais usinas nucleares na beira do São Francisco, no Pernambuco. “Querem o resto da Mata Atlântica, os berços de vida da zona costeira para produzir camarões, implantar altas torres de energia eólica e resorts para o turistas”, alertou Poletto.

Entretanto, superior às ameaças é a vontade do povo nordestino de preservar sua terra, sua cultura, sua natureza. “Temos em frente uma luta para preservar nossos biomas, que são nossa vida e a vida das futuras gerações”, conclui Zanré.  Como encaminhamento, o FMCJS deve produzir uma carta pública que em breve será disponibilizada nas nossas redes.

Acompanhe aqui os desdobramentos do seminário!

Equipe de Comunicação FMCJS- Jornalista Alice Watson