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Iniciativa reúne “o que sabemos” sobre mudanças climáticas

Iniciativa reúne “o que sabemos” sobre mudanças climáticas

19/03/2014   –   Autor: Fabiano Ávila   –   Fonte: Instituto CarbonoBrasil

Maior sociedade científica do planeta deseja acabar com as dúvidas sobre o aquecimento global e alerta que transformações drásticas podem estar para acontecer

Com mais de 121 mil membros e apoiadores por todo o mundo, a Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS), entidade que publica a revista Science, lançou uma cruzada para dar fim ao obscurantismo que ainda cerca a questão do aquecimento global.

A entidade divulgou um relatório e criou um portal, ambos intitulados “What We Know” (O que sabemos), com os dados mais recentes e confirmados sobre as mudanças climáticas na esperança de mobilizar a opinião pública e conscientizar os governos, em especial o norte-americano, de que é preciso agir.

A iniciativa aponta que 97% dos pesquisadores climáticos concordam que as mudanças climáticas estão ocorrendo e são causadas pelo homem. Porém, destaca que esse alto grau de certeza entre a comunidade científica não é percebido pela sociedade.

Mencionando um levantamento realizado em 2013 pela Universidade de Yale, a AAAS afirma que apenas 42% dos norte-americanos entendem que “a maioria dos cientistas acham que o aquecimento global está acontecendo”.

“Acreditamos que temos a obrigação de informar o público e as autoridades sobre o que a ciência sabe sobre qualquer assunto na vida moderna, e o clima é particularmente uma questão urgente. Como uma voz da comunidade científica, estamos compartilhando o que sabemos para que os governos apresentem soluções para a crise climática”, explicou Alan Leshner, presidente da AAAS.

E o que sabemos?

O portal e o relatório da iniciativa trazem informações confirmadas por estudos independentes e pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC).

Por exemplo, sabemos que a concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera estava estável por mais de mil anos em 280 partes por milhão (ppm), mas esse nível começou a subir após a Revolução Industrial e chega atualmente a 400 ppm. Trata-se da mais rápida elevação de CO2 na atmosfera que se tem notícia.

Também sabemos que o efeito estufa resultante dessa concentração fez com que a temperatura média do planeta aumentasse em 0,8oC nos últimos 100 anos. E se continuarmos com o mesmo ritmo de emissão de gases do efeito estufa (GEEs), até o final deste século o aquecimento global pode ultrapassar os 6oC.

A comunidade científica avalia que a marca de 2oC seria o limite de segurança para que evitemos as piores consequências das mudanças climáticas.

A AAAS destaca ainda que é sabido que os oceanos estão subindo em decorrência do degelo das calotas polares e que estão ficando mais ácidos por causa da concentração de GEEs nas águas. É ainda um consenso que certos tipos de eventos climáticos extremos, como ondas de calor e chuvas torrenciais, estão acontecendo com mais frequência.

“As evidências são avassaladoras: o nível de GEEs na atmosfera está crescendo. As temperaturas estão subindo. As primaveras estão começando mais cedo. As calotas de gelo estão derretendo. O nível do mar está avançando. Os padrões de chuva e seca estão mudando. Ondas de calor estão ficando piores, assim como a precipitação extrema”, resume o relatório.

“A ciência que associa as atividades humanas às mudanças climáticas é análoga à ciência que relaciona o hábito de fumar a doenças cardíacas e pulmonares”, completa.

Transformações Abruptas 

Além disso, a AAAS alerta que a velocidade dessa mudança climática é a mais rápida vista nos últimos 65 milhões de anos, e que isso pode resultar em transformações súbitas no planeta.

“Existe o risco de mudanças abruptas, imprevistas e potencialmente irreversíveis no sistema terrestre”, afirma o relatório.

Entre essas transformações, a AAAS cita o colapso das capas de gelo da Antártica e da Groelândia, o fim da corrente do Golfo, a descaracterização da floresta amazônica (que se transformaria em uma espécie de savana) e a extinção em massa das espécies.

Apesar de as chances de qualquer uma dessas catástrofes acontecer serem pequenas, os pesquisadores salientam que não sabem o quanto o planeta precisa aquecer para que elas se tornem uma realidade. Assim, podemos já estar às vésperas de uma mudança radical na Terra.

O apelo da AAAS é para que os governos e a sociedade parem de perder tempo discutindo o que já é um consenso científico e partam para a ação.

“Esperar para agir irá, inevitavelmente, aumentar os custos, expandir os riscos e diminuir o número de opções de soluções disponíveis (…) Estamos fornecendo as informações científicas para justificar as decisões que são tão necessárias”, conclui o relatório.

http://www.institutocarbonobrasil.org.br/mudancas_climaticas1/noticia=736646

 

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