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Enfrentar efeitos negativos do agronegócio é principal meta para o Centro Oeste

Brasília, 12 de agosto de 2016 –  Aprofundar a luta e a discussão sobre os efeitos negativos do agronegócio para o Cerrado, a Amazônia matogrossense e o Pantanal. Com esta meta, os participantes do Seminário Regional sobre Mudanças Climáticas e Justiça Social do Centro Oeste encerraram as atividades do evento, realizado em Campo Grande (MS) de 9 a 12 de agosto.  Durante quatro dias, representantes das quatro unidades federativas debateram os problemas vivenciados nesta parte do país e compartilharam experiências vividas relacionadas ao efeito das mudanças climáticas na vida das pessoas e da própria natureza.

A necessidade de combater as consequências do agronegócio para a região foi apontada por representantes de todos os estados e do Distrito Federal. “O cerrado está quase todo destruído. É desmatado para a criação de animais, as monoculturas de soja, de cana de açúcar e outros produtos”, afirmou o coordenador do Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social (FMCJS), Ivo Poletto, durante o Seminário Regional. Poletto acrescenta que a destruição do bioma é sentida por meio da diminuição das chuvas, da seca e das queimadas excessivas. “Há alguns sinais claros de que estamos caminhando para a desertificação da nossa região”, alertou.

A dificuldade de acesso à água e a seca são sentidas no Distrito Federal, como relata a dirigente regional da Frente Nacional de Luta Campo e Cidade Rita de Cássia Borges Correia. “Temos dificuldade para a produção em pequena escala. A agricultura familiar, a produção de hortaliças, a criação de pequenos animais é prejudicada porque as chuvas diminuem cada vez mais e as minas estão secando”. Rita de Cássia ressaltou a importância do Seminário Regional para reverter esse quadro. “Aqui temos o encontro dos movimentos que buscam proteger o meio ambiente e pensar no futuro. Precisamos nos unir para evitar que ruralistas aprovem leis que venham degradar o nosso cerrado, nosso pantanal e nossas florestas”, disse.

Vulnerabilidade
As comunidades vulneráveis são as que mais sofrem com as mudanças climáticas. A procuradora de justiça do Ministério Público do Mato Grosso do Sul Jaceguara Dantas da Silva Passos falou sobre os grupos que estão mais sujeitos às variações climáticas. “Os quilombolas, os indígenas, os pantaneiros, os ribeirinhos. Essas comunidades são extremamente atingidas, pois dependem da agricultura, do clima e não possuem condições tecnológicas para enfrentar uma mudança climática tão dura e vertiginosa, impactante na sociedade”, afirmou a procuradora que falou, nesta quinta-feira (11), sobre “Populações excluídas do sistema” durante o Seminário Regional.

A observação foi corroborada pela pesquisadora do Grupo Pesquisador Educação Ambiental, Comunicação e Arte da Universidade Federal do Mato Grosso Débora Luiza Moreira. “A partir dos dados dos mapeamentos sociais e de conflitos que fizemos, podemos entender que nem todos são afetados pelas mudanças climáticas da mesma forma. As populações em situação de vulnerabilidade são os grupos que mais irão sofrer”, disse. Débora relata que muitos conflitos ocorrem em função do desmatamento, das queimadas e pela disputa por água, que possuem relação direta com as mudanças climáticas, causadas, principalmente, em função do processo acelerado do agronegócio no Mato Grosso.

Seminário Nacional
O Seminário Regional sobre Mudanças Climáticas e Justiça Social consiste em uma das etapas planejadas no Seminário Nacional de Articuladores nos Estados do Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social (FMCJS), que será de 25 a 28 de outubro, em Brasília. O FMCJS trabalha para disseminar informações, gerar consciência crítica e mobilizações da cidadania visando contribuir para o enfrentamento das causas estruturais do aquecimento global que provoca mudanças climáticas em todo o planeta.

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