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Mudanças climáticas afetam regiões do Brasil de diferentes maneiras

Secas, enchentes, desmoronamentos, poluição. São muitos os vetores que colocam as populações em situação de vulnerabilidade ambiental e social, causando perdas econômicas e culturais, além de insegurança alimentar. O cenário foi revelado pelos representantes das cinco regiões brasileiras nesta terça-feira (25), no primeiro dia do Seminário Nacional Mudanças Climáticas e Justiça Social, organizado pelo Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social (FMCJS).

Cada região do Brasil apresenta uma realidade distinta e específica. Alguns locais precisam conviver com as secas e as enchentes anualmente. Segundo Joseanair Hermes, da Cáritas Brasileira do Paraná, após sofrer frequentemente as consequências das mudanças climáticas, o Sul desenvolveu resiliência. “A gente tem a cultura da reconstrução. Não há tempo para luto, acontecem enchentes bruscas várias vezes por ano”, conta.

No Sudeste, as principais questões levantadas pelos representantes do Seminário Regional, realizado no Rio de Janeiro de 16 a 17 de setembro, apontam a mineração, o uso irresponsável da água e a indústria do petróleo como principais provocadores das mudanças climáticas na região. O Sudeste é marcado pela tragédia do Rio Doce, que foi atingido por rejeitos de minério. O desastre ambiental é um dos grandes símbolos da fragilidade do meio ambiente frente à irresponsabilidade da exploração dos recursos naturais pelo grande capital.

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Na Amazônia, Iremar Ferreira, da Aliança dos Rios da Pan Amazônia, denuncia que os rios estão sendo violentados por grandes projetos de infraestrutura como hidrelétricas, rodovias e agronegócio. Por isso, a região tem apresentado cada vez mais o problema da seca e do aquecimento da temperatura tornando difícil suportar o calor até mesmo à sombra das árvores. Outra ameaça à Amazônia apontada são os projetos de REDD que ameaçam a cultura e a liberdade dos povos da Amazônia.

No Centro oeste, a pressão vem do agronegócio, que desmatou quase todo o cerrado nativo e ameaça os rios com grandes projetos de irrigação e uso intensivo de agrotóxicos. Mineradoras e hidroelétricas também colocam em risco a vida na região e agravam as emissões de gases causadores das mudanças climáticas.

Já a população nordestina acostumou-se a lidar com o problema da seca, agravado pelas mudanças climáticas. A preocupação está na ameaça ao Rio São Francisco, que pode agravar a situação da região, colocando-a em um patamar de fragilidade mais extrema. Projetos de exploração de petróleo e a Usina Nuclear de Itacuruba (PE) são alguns pontos de preocupação levantados pelos participantes do Seminário Regional do Nordeste.

Nesta quarta-feira (26), a programação do Seminário Nacional Mudanças Climáticas e Justiça Social segue com os depoimentos de pessoas das bases sociais, com a realização de mesa com os especialistas Alexandre Araújo Costa, da Universidade Estadual do Ceará e Simone Santos Oliveira, da Fiocruz, além do aprofundamento de dimensões da realidade, explorando detalhes sobre a COP 21, o fracking, as energias alternativas e as estratégias de luta por direitos coletivos.

As mesas e os debates do Seminário Nacional serão transmitidos ao vivo pela página do Fórum no Facebook: fb.com/fmclimatica.

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