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Crise de água ameaça a vida no Cerrado e na Amazônia

A partir de reflexões, participantes do Seminário Regional da Amazônia Oriental concluíram que a vida no Cerrado e na Amazônia no Tocantins, Pará e Amapá está em risco devido à crise de água, que se manifesta na seca deste ano. De 22 a 24 de setembro, cerca de 50 representantes da região estiveram reunidos, em Belém (PA), para discutir o tema “Mudanças Climáticas, Justiça Social e a Vida na Amazônia”.

“O índio nunca sentiu calor embaixo da árvore. Hoje até o vento vem quente”, contou a indígena Selma, do povo Xerente do Tocantins. O relato é que os indígenas já não conseguem cultivar o arroz ou a mandioca devido à falta de água. O resultado é o aumento da fome e do calor, que não para de aumentar. Tais fatores levam pessoas à morte, especialmente crianças.

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Devido aos problemas, o grupo discutiu sobre a necessidade de reforçar as lutas populares em favor do direito ao território, à agroecologia e à produção de energia a partir de fontes menos poluentes. As soluções debatidas incluem uma economia com a floresta e com todos os seres vivos dos biomas, e não contra eles. A produção de energia limpa para a região, a partir da transformação do sol e dos ventos em energia elétrica através de painéis instalados nos telhados e espaços comunitários também foi levantada.

O evento, articulado pelo Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social (FMCJS), também lançou luz sobre a importância em garantir os direitos dos povos que vivem na Amazônia Oriental através de ações autônomas, a partir dos direitos que nascem das pessoas, povos e territórios, direitos próprios dos que vivem na Amazônia e no Cerrado. O defensor público que assessorou o encontro reforçou essa necessidade: “Chegando politicamente fortes, teremos alguma chance de exigir os nossos direitos também junto ao judiciário e demais instituições estatais”, explicou o defensor.

“Todas as pessoas se dão conta e sofrem com o aumento da temperatura. Está ficando insuportável”, declarou o assessor nacional do FMCJS, Ivo Poletto. Apesar dos fatos, as empresas continuam desmatando. Exemplo citado foi o projeto MATOPIBA, que planta grãos para exportação na parte norte do Cerrado, no Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. No Seminário Regional, o projeto foi denominado como “mata tudo”. “Com essa cegueira e teimosia capitalista do agronegócio, faltará água tanto neste bioma como nos vizinhos”, concluiu Poletto.

Os participantes assumiram o compromisso de firmar a articulação de práticas das entidades que lutam com os mesmos objetivos nos três estados, realizando encontros de formação semelhantes ao que foi o Seminário. E decidiram manter a articulação regional como um reforço das ações estaduais.

O encontro regional consistiu em uma etapa do Seminário Nacional sobre Mudanças Climáticas e Justiça Social, que será realizado de 25 a 28 de outubro deste ano, em Brasília.

Fórum
O Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social trabalha para disseminar informações, gerar consciência crítica e mobilizações da cidadania visando contribuir para o enfrentamento das causas estruturais do aquecimento global que provoca mudanças climáticas em todo o planeta.

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