Combater o fracking é primordial para o meio ambiente
Brasília, 6 de setembro de 2016 – Os riscos e perigos do fraturamento hidráulico para obtenção de gás de xisto foram intensamente debatidos durante o Seminário sobre Mudanças Climáticas e Justiça Social do Paraná, realizado na Diocese de Umuarama (PR), neste sábado e domingo (3 e 4). O evento, que teve como tema “Cuidado da Casa Comum, transformação do mundo com Justiça rumo 2030”, contou com a presença do assessor nacional do Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social, Ivo Poletto.
“Neste fim de semana, tentamos compreender melhor tudo o que está acontecendo no nosso planeta e o que acontece na nossa região”, explicou o assessor. Poletto afirma que, além da prática do fracking, que pode contaminar solos, rios e até mesmo provocar terremotos, o uso de fontes fósseis para produção de energia, como o gás e o petróleo, precisa ser reavaliado pela sociedade. “Precisamos estudar outras formas de energia a partir de outras fontes: movimento natural das águas, os ventos, energia solar, energia de aquecimento, biogás”, disse, destacando o aquecimento global como a principal consequência da queima desses combustíveis, desmanchando geleiras, alterando os ventos, a formação das nuvens, chuvas intensas causando enchentes, secas e problemas de toda ordem.
Na busca de alternativas, os participantes do Seminário resolveram criar grupos de articulação e informação para combater o fracking nas cidades e na região. “A intenção é fazer a pressão popular para que os vereadores – como já aconteceu em 72 municípios brasileiros – votem a lei proibindo a prática”, informou a coordenadora nacional da Coalizão Não Fracking Brasil pelo Clima, Água e Vida (Coesus) e diretora da 350.org no Brasil, Nicole Figueiredo de Oliveira. “O fracking é danoso ao meio ambiente. Perfura-se a terra e fratura-se rochas de 300 a 3 km abaixo do nível da terra. São injetados 70 milhões de litros de água por poço, misturados com diversas substâncias químicas” explicou Nicole. As toxinas utilizadas no processo são absorvidas pelo solo, contaminam lençóis freáticos e até mesmo as chuvas. “Não podemos deixar essa tecnologia vir para a região”, afirmou.
Como resultado do Seminário sobre Mudanças Climáticas, foi decidido ir formando um fórum regional sobre Mudanças Climáticas e Justiça Social, espaço de articulação de organizações e parceiros que possam continuar discutindo e agindo em relação a questões relacionadas também aos resíduos sólidos, ao biogás, às pequenas centrais hidrelétricas, além de outras formas de energia livre e renovável. “Este encontro é reflexo da nossa preocupação e da necessidade de agir”, afirmou o coordenador de campanhas climáticas da 350.org e fundador da Coesus no Brasil, engenheiro Juliano Bueno de Araújo. “Neste momento, o que precisamos é a mudança. Precisamos fazer ações individuais e coletivas, promover as energias renováveis e preparar-nos para essa transição climática”, insistiu o engenheiro.
O que é fracking?
Fracking é a tecnologia utilizada para a extração do gás de xisto. Milhões de litros de água são injetados no subsolo a altíssima pressão misturados com areia e um coquetel de mais de 720 substâncias químicas, muitas delas cancerígenas e radioativas. Parte dos resíduos permanece no subsolo contaminando os aquíferos. O que retorna à superfície contamina os rios e nascentes, o solo e o ar.
Onde o fraturamento hidráulico ocorre não há água para consumo humano, o solo torna-se infértil para a agricultura e são registrados severos problemas de saúde, como má formação congênita, esterilidade nas mulheres e homens, abortos e doenças crônicas respiratórias.
A tecnologia também está associada a terremotos pelas fortíssimas explosões na rocha do folhelho pirobetuminoso de xisto e ao agravamento do aquecimento global pela emissão do metano.
Por seus impactos severos e irreversíveis para o ambiente, produção de alimentos e saúde, o fraturamento hidráulico já foi proibido em dezenas de países e deixa um legado de devastação e destruição onde é utilizado.