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Bem Viver na Perspectiva Indígena

Cyntia Regina Marques da Silva

Missionária e Multiplicanda do Processo de Formação Continuada e Multiplicadora do Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social

 

         Iniciando o curso do Forum Mudanças Climaticas o primeiro modulo que aborda  sobre o BEM VIVER e EDUCAÇÃO  POPULAR, fiz uma entrevista com a Indígena Maria Eva Canoé que fala do “Bem Viver na Perspectiva Indígena”.

Criança do Povo Cabixi da Aldeia Pedreira da Terra Indígena Pacaas Novos na Região de Guajará-Mirim /Rondônia.

Segue entrevista:

“O bem viver para os povos indígenas é fruto de sua sabedoria milenar onde tudo está interligado, água, terra, floresta, saúde, educação, espiritualidade, natureza. O bem viver para nós não significa o acúmulo de riquezas ou viver bem a custa dos outros como na sociedade não indígena.

O bem viver engloba a vida como um todo onde esse todo tem os mesmos direitos e deveres. Viver bem atualmente para nós povos indígenas é ter nossas terras demarcadas livres de invasões, nossos rios sem poluição, nossas florestas protegidas, nossas culturas, línguas e crenças respeitadas e valorizadas, pois tudo isso é fonte do bem viver e nos dá condições de continuarmos praticando a nossa economia solidária seja na coleta coletiva de castanha, na confecção dos artesanatos ou no plantio em mutirão das roças.

Partilhar o pouco que se tem com aqueles que nada tem é sinônimo do bem viver… antes da invasão do Brasil todos os povos indígenas viviam bem, não tinham muito mas, tinham tudo, não poluiam, não devastavam as florestas, viviam em harmonia com a natureza. Nossos ancestrais sempre praticaram a agricultura, mas em nenhum momento destruiam a natureza, a prática do bem viver está presente entre todos os povos indígenas. Na sociedade não indígena também se pratica o bem viver, porém é viver bem desigual, onde o acumulo de riquezas é prioridade, onde uns tem muito e outros nada tem.

Pensando no bem viver para todos, vamos economizar ou seja vamos cuidar melhor das riquezas de nossa Amazônia . Ela não é uma mercadoria e sim nossa casa comum; pensar no bem viver de todos é  a chave fundamental para construção de um Brasil mais justo e solidário. Eu como mulher indígena conhecedora de nossa realidade acredito que apesar de todo esse capitalismo excludente existente no Brasil somos capazes de juntos inovar, construir um bem viver com dignidade; cada qual respeitando um ao outro de acordo com seu meio ambiente”.

 

Guajará-Mirim 21 de Agosto de 2018

 

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