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Articulação pela Convivência com a Amazônia lança Manifesto Público em defesa do Bioma

Foto: David Lapola

Manifesto Público 

ARCA – Articulação pela Convivência com a Amazônia

A AMAZÔNIA, CASA COMUM, GEME EM DORES DE PARTO.

A Amazônia não é somente um importante regulador do clima no planeta, ou pulmão verde, o que já deveria ser motivos de sobra para ser cuidada, amada, respeitada, porque já garante a purificação de toneladas de gases poluentes produzidos por um modelo de produção etnoecocida.

A Amazônia é por sua sociobiodiversidade um celeiro de vidas em cada canto e recanto com seus povos e populações das florestas, das águas, do campo e das cidades.

Secularmente aprendemos com as centenas de povos indígenas, remanescentes do processo de colonização, que é na convivência integral respeitando os processos ecológicos que se produz vida em abundância: a gente cuida da mãe terra e ela cuida da gente, provendo o sustento de nosso corpo e de nossa espiritualidade.

Entretanto, os apelos do Papa Francisco para que cuidemos da Casa Comum, parece não ter alcançado corações e mentes gananciosas que, ávidos pelo lucro a todo custo, não se dão conta que este modelo em si só não se sustenta, pois só a ecologia integral pode gerar vida em abundância.

As intensas queimadas em curso em toda Amazonia, de modo particular no Brasil e Bolívia é resultado deste processo de exploração dos bens naturais e das violações dos direitos da mãe terra.

As feridas causada na Casa Comum pela mineração, exploração de petróleo, corte dos bosques, florestas, conversão em grandes áreas ao agronegócio, barramento dos rios pelo hidronegocio, modelo de extrativismo predador, fornecendo matérias primas para a industrialização desenfreada que, produz toda forma de contaminantes e lixos que o planeta não mais suporta, provoca dores e gemidos no ventre da Mãe Terra.

Todos esses fatores estão comprometendo o desequilíbrio na ecologia, desintegrando-a e provocando mudanças climáticas, cujos dados do último Relatório do IPCC/2019, afirma que a agricultura será a mais afetada no mundo e a fome será o flagelo deste século, conduzindo ou condenando a morte as populações mais pobres do planeta.

Diante desse quadro que se agrava, nós da Articulação pela Convivência com a Amazônia- ARCA, denunciamos a Comunidade Internacional que, o atual presidente do Brasil está incentivando e promovendo políticas criminosas ao amplificar o discurso que tem muitas unidades de conservação que atrapalham o agronegócio, ou que, não demarcará nenhum centímetro de terras indígenas, resultando em invasões, saques e queimadas criminosas em terras indígenas: Karipuna e Uru Eu Wau Wau em RO, Tenharim do Marmelos no sul do Amazonas, Waiãpi no Amapá entre tantas outras para além da Amazônia brasileira.

Conclamamos que as pessoas de bom senso do Brasil e de outros países, intensifiquem seu apoio aos povos e comunidades da Panamazonia para que o modelo de envolvimento praticado secularmente pelos povos originários possa continuar gerando vida, e que denunciem os modelos de desenvolvimento excludente praticados por governos de nossa região e de seus países.

Acreditamos que de mãos dadas resistiremos ao império da morte e a Casa Comum gerará vida num parto sadio se praticarmos o cuidado uns e umas com os outros e outras e a solidariedade mútua em sua integralidade.

Manaus, 24 de agosto de 2019.