Alguns países – os perdedores – foram especializados em exportar Natureza, enquanto os países dominantes importam Natureza
*Artigo escrito pela comunicadora popular Zenir Gelsleichter para o Processo de Formação Continuada e Multiplicadora do FMCJS.
Uma imagem incomoda o olhar, ao ver sobre a paisagem, tem tempo, a partir do momento que compreendi que o pinos é uma praga. Não consigo dar muitos passos sem perpassar os olhos sobre a “natureza” e detectar uma infestação de pinos no meio da mata nativa, nas montanhas, que as vezes faz pensar como é que alguém chegou até lá. Parece que há um radar nos meus olhos, que não consegue ver uma montanha sem ver antes da beleza quantos pinos estão lá, se há ainda para algum lado que se possa olhar e não ver isto. Onde os olhos descansam, mesmo saboreiam contemplando a beleza da natureza. Queria poder ser um pouco mais neutra, não sentir no meu corpo o efeito indignante da invasão criminosa dos plantadores de pinos. Mais tenho reações automaticamente, busco distrair o olhar para um lado que talvez não haja ao menos nesta direção, mais não, nada.
Penso, quem planta são as grandes empresas, nacionais e internacionais, compram milhares de hectares, que arrendam terras, sim. Mas, difícil encontrar uma propriedade rural em que não haja um considerável espaço com o plantio de pinos. O que antes era pastagens para a criação de animais para a subsistência da família, agora com o êxodo rural, e a morte dos pais e avós, estes espaços se tornam aptos para o plantio de pinos e eucalipto. E as pessoas que plantam qual objetivo além do lucro que não exige investimentos maiores, qual é a consciência delas em vista da terra e de todo o entorno com este plantio, incluindo a água. Parece não terem, não conhecerem esta palavra, e não é caso de pobreza para investir no futuro, pasmem, não éh. São todas pessoas que vivem muito bem, em vista do plantio de hortaliças e afins. As vezes a impressão é de que, se tem um espaço vazio, não tem o que a fazer ou muita utilidade no momento, se planta pinos. A ganancia insaciável da sua maioria, a falta de limite e a indiferença quanto ao cuidado com a terra e todo seu ambiente.
Agora, com este período de escassez das chuvas, a água simplesmente está desaparecendo, e os agricultores preocupados, angustiados, quanto a falta de água para irrigação se torna um problema grave.
Nisto, a preocupação além da visão horrorosa, é as terras para plantio de alimentos, o que sobra? As pessoas terão os seguintes itens no cardápio: pinos, intercalada com eucaliptos, períodos terá cebola, morango, por vezes algum legume, há sim e o fumo.
Porque não se planta nada além disso, e os consumidores de água o eucalipto e em especial o pinos estão desertificando as terras produtivas.
Mas, estas gentes ficam apavoradas com a falta de água, mas continuam fazendo o plantio e exterminando as nascentes e encostas, por cima das montanhas o pinos reina, derrubam a mata nativa para o pinos, depois derrubam de novo mata nativa, porque tem o plantio, o que de fato é a renda.
Este espaço de estudo, é uma luz para que, cada vez mais pessoas estejam em todos os espaços e possibilite ao povo a construção das consciências, de que a natureza não é contra o ser humano, ela é parceira.
Zenir Gelsleichter, 06.06.2020