Mudanças climáticas: Seminário regional debate situações de indígenas e camponeses do Centro Oeste do Brasil
Brasília, 10 de agosto de 2016 – Em seu primeiro dia de atividades, o Seminário Regional sobre Mudanças Climáticas e Justiça Social do Centro Oeste, realizado em Campo Grande (MS), trouxe à tona questões enfrentadas por indígenas e camponeses da região advindas das mudanças climáticas. Na ocasião, os participantes dos Estados destacaram os principais problemas de cada localidade causados pelo aquecimento global e desequilíbrio da natureza.
Residente de Dourados (MS), o indígena Anastácio Peralta falou sobre a situação dos Guarani Kaowiá Aty Guasu. Para ele, o modelo de desenvolvimento operante no Brasil, principalmente no seu Estado, tem prejudicado muito seu povo. “A gente sabe que o boi, no Mato Grosso do Sul e no Brasil, muitas vezes vale mais que uma criança”, afirma. Peralta destacou ainda que o modelo de desenvolvimento atual viola os direitos indígenas presentes na Constituição Federal. “ Não temos a garantia por nossas terras. Os políticos não têm uma visão de respeito a quem aqui já morava há 500 anos. Principalmente a nós indígenas e pela própria natureza. Para eles, tudo é negócio”.
Além do agronegócio, a mineração de areia e argila é outra atividade econômica que afeta o meio ambiente, alterando o clima e a natureza. A professora aposentada e voluntária da Comissão Pastoral da Terra (CPT) Ritalina Ribeiro de Faria é camponesa da comunidade João de Deus, do município de Silvânia (GO). Ela conta que o assoreamento dos rios está reduzindo o nível das águas na localidade e diminuindo a quantidade de chuva. “Antigamente os rios tinham praias e os animais e as plantas eram respeitados. Tinha-se prazer em colher as frutas do cerrado. Infelizmente, hoje isso não existe mais. Por isso precisamos nos unir e fazer pressão como estamos fazendo neste seminário”, afirma.
Anastácio e Ritalina participam, até esta sexta-feira (12), do Seminário Regional, que consiste em uma das etapas planejadas do Seminário Nacional de Articuladores nos Estados do Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social (FMCJS). A abertura do evento foi realizada na última terça-feira (9), às 20h, com a participação de representantes dos quatro Estados da região Centro Oeste.
COP 21
Durante a abertura, o coordenador do FMCJS, Ivo Poletto, fez uma breve análise da conjuntura global e sobre o drama das mudanças climáticas no país. Poletto também falou sobre o compromisso assumido por 195 países durante a Conferência do Clima realizada em Paris em 2015 (COP 21) de elaborar propostas para acabar com o aquecimento global e evitar tragédias naturais.
“Cada país comprometeu-se a realizar ações para que a Terra volte a ter equilíbrio. Mas, mesmo com a soma dos esforços de cada um, o aquecimento global continuará existindo. No Brasil, por exemplo, as autoridades decidiram acabar com o desmatamento ilegal na Amazônia até 2030. A pergunta que fica é: Por que não acabar com isso agora? Além do desmatamento ilegal, existe o desmatamento legal, que também destrói aquela área. As militâncias precisam fazer pressão para que o governo faça mais e melhor pela segurança do meio ambiente”, explicou.
Fórum
O Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social trabalha para disseminar informações, gerar consciência crítica e mobilizações da cidadania visando contribuir para o enfrentamento das causas estruturais do aquecimento global que provoca mudanças climáticas em todo o planeta.
Seminário Regional sobre Mudanças Climáticas e Justiça Social do Centro Oeste
Data: 9 a 12 de agosto de 2016
Horário: Abertura às 20h e encerramento às 12h.
Local: CNBB Oeste I – Rua Abílio Barbosa, 169 – Vila Almeida, Campo Grande – MS
*Com informações do jornal Poder Popular.