Tenda Inter-religiosa do FAMA dialoga sobre as dimensões sagradas da água

A Tenda Inter-religiosa do Fórum Alternativo Mundial da Água abriu suas atividades no dia 19 de março com um seminário que teve como tema: Agua como elemento sagrado, a crise hídrica e as dimensões proféticas da fé.

Economista e fundador do comitê internacional pelo contrato da água, o italiano Ricardo Petrela abriu o seminário falando da dimensão do que é sagrado para os grupos economicamente dominantes. Começou dizendo que acreditamos que a água está ficando cada dia mais rara. Temos que colocar isso em melhores termos. A água potável é que está ficando escassa. Nós não nos importamos com a biodiversidade e com os ambientes naturais. Estamos preocupados porque a água está ficando rara para nós, seres humanos. Nós não consideramos a água um bem comum, mas um bem econômico.

Quando não se tem a noção de água como bem comum, não acreditamos que água seja um direito. As empresas acreditam que a água deve ter um preço que deve remunerar os processos de purificação e tratamento da água. Mas elas nunca falam em direitos ou da necessidade da água para a vida. Este é o sistema dominante.

O poder dominante tem uma outra compreensão do que seja sagrado. A primeira dimensão sagrada para eles é que a tecnologia transforma a vida e que ela é mais importante que a vida natural. É um paradigma tecnocientífico, uma sacralização da tecnologia. É uma mensagem para os pobres de que Deus não os ama, porque a tecnologia só ama quem a detém.

A segunda sacralização da tecnociência é que não há valores fora do capital, do dinheiro. Apenas o que pode ser trocado por dinheiro tem valor, inclusive a água e até mesmo os seres humanos. Se você não tiver mais de um bilhão de dinheiro no banco, você não é um ser humano válido.

Não é legítimo no mundo de hoje falar de nossa fé se nós não combatermos essa falsa sacralidade criada pelos grupos que dominam economicamente.