Notícias

O VERDE DO SERTÃO

Nilson de Sousa Rutizat

Escola Cidadã Integral Técnica Chiquinho Cartaxo

SOUSA – PB

O VERDE DO SERTÃO

Quando vi tanto mato seco,

Em meu interior chorei.

O sol rachava minha pele,

E sem esforço suei.

Vendo o sol reinar absoluto,

Vendo toda vegetação de luto,

Por chuva eu supliquei.

Apareceu-me então um garoto

Que tentou me tirar do chão.

Eu estava de joelhos,

E ele me puxava pela mão.

Dizia-me: – levante seu moço,

Não é tempo de chuva não!

– Nós estamos em setembro,

Este sequeiro é mais que normal.

Todo ano isso acontece,

É um fato natural.

Não se preocupe com a caatinga,

É forte todo esse matagal.

Levantei-me e sentei

Na sombra de um juazeiro,

Talvez a única árvore

Que estava verde no terreiro.

Parecia um grande rei

De todo aquele sequeiro.

O menino também veio

E ao meu lado se sentou.

Eu estava olhando e pensando,

Ele também olhou e pensou.

Depois se virou para mim

E me olhando falou:

– Eu sei que você não é daqui,

Que essa não é a sua região.

Também sei que não conhecia

A caatinga e o sertão,

Mas logo você se acostuma,

Não fique preocupado não.

Eu apenas me levantei

E saí sem nada falar.

O menino ficou sentado

Apenas a me olhar.

Eu cada vez mais rápido,

Estava a me afastar. 

O tempo passou voando

E novembro logo chegou.

E todo aquele mato seco,

Muito mais seco ficou.

A chuva então veio

E aquela vegetação molhou.

Em uma semana apenas

Toda aquela vegetação

Virou um manto verde

Em todo o imenso sertão

E o verde tomou conta

De toda aquela região.

Foi aí que entendi tudo

E vi que o menino

Mostrou-me que todos nós

Temos na vida um destino

E que ser diferente

É também ser lindo. 

Nunca vi nada melhor

Que um forte aperto de mão

Nem vi nada mais belo

Que o verde do sertão

Nem aprendi nada melhor

Que essa bela lição.