“NÓS ESTAMOS CONSTRUINDO UM FUTURO CATASTRÓFICO PARA O BRASIL”, DIZ CIENTISTA DO INPE
“NÓS ESTAMOS CONSTRUINDO UM FUTURO CATASTRÓFICO PARA O BRASIL”, DIZ CIENTISTA DO INPE DURANTE ENCONTRO NACIONAL DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS
Por Palloma Pires – Jornalista e Comunicadora Popular/ Ação Social Diocesana de Patos (ASDP) – Comitê de Energias Renováveis do Semiárido (CERSA)
Para ampliar o debate sobre os graves impactos ambientais que afetam o mundo todo, o Comitê de Desertificação que integra o Fórum de Mudanças Climáticas e Justiça Socioambiental (FMCJS), deu início às atividades do Encontro Nacional que traz como tema principal: “Mudanças Climáticas e os Processos de Desertificação nos Biomas do Brasil.
O evento que acontece de maneira virtual, teve início na manhã desta quarta-feira, 15, com a apresentação do Diagnóstico Situacional do Estado de Degradação de Terras em Processos de Desertificação no Brasil reforçou a leitura do Fórum sobre o perigo do processo nos biomas. O diagnóstico mostrou que as questões ambientais são pouco visíveis do ponto de vista da consciência coletiva da sociedade.
Um dado importante apresentado foi que, em 60,71% das situações de degradação da terra nos biomas brasileiros, que são processos de desertificação, não há intervenção urgente sendo realizada para combater ou mitigar o problema.
O diagnóstico que mobilizou 235 organizações sociais com atuação em 12 estados dos 7 biomas brasileiros, mostrou ainda que o desmatamento é o principal vetor da desertificação, somado às queimadas e incêndios, o uso de fertilizantes sintéticos e pesticidas/agrotóxicos que intensificam ainda mais a devastação dos biomas.
Aldrin Martin Pérez, representante do Instituto Nacional do Semiárido (INSA), fez uma excelente explanação sobre os efeitos que perduram além do período de seca. Ele destacou que, diante das nuances da amplitude conceitual da “desertificação” da Convenção de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (UNCCD), o ideal é que se defina o campo de ação de luta contra a desertificação a ser implementada em âmbito nacional.
Luciana Gatti, pesquisadora e Coordenadora do Laboratório de Gases de Efeito Estufa (LaGEE), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), apresentou durante o encontro uma pesquisa publicada na última quarta-feira (14) com conclusões importantes sobre a realidade da Amazônia.
De acordo com a pesquisadora, a degradação faz com que as consequências do desmatamento, a falta de chuva e temperaturas elevadas façam com que os efeitos negativos das mudanças climáticas se alastrem mais rapidamente.
“A gente pode usar a fundamentação científica para propor as mudanças. Não é sustentável o que estamos fazendo hoje no Brasil. Nós estamos construindo um futuro catastrófico”, concluiu.
A abertura do evento aconteceu na noite desta terça-feira, 14, com grandes apresentações culturais ligadas às diferentes regiões e biomas, e terá continuidade nos dias 16 e 17.