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Na foz do São Francisco, as comunidades também estão preocupadas com a Crise Climática

Tamyris Farias, da Cáritas Diocesana de Palmeiras dos Índios.

Neste último sábado, 08 de junho, aconteceu o Seminário sobre Impactos Ambientais causados pelas Mudanças Climáticas e Ação Humana no baixo São Francisco. Lema: “tudo está interligado como se fossemos um, tudo está interligada nesta casa comum”, no convento Nossa Senhora dos Anjos em Penedo/AL. 

Contamos com a participação de 76 pessoas, dentre elas estudantes do curso de agroecologia da Associação de Agricultores Alternativos – AAGRA, pesquisadores, professores, empreendimentos da economia solidária de Marechal Deodoro, Maceió e Palmeira dos Índios, pescadores, seminaristas, representantes do Centro de Desenvolvimento Comunitário de Maravilha – CDECMA e lideranças comunitárias. A mesa de abertura foi composta pelo coordenador do Fórum Cáritas Alagoas-FCAL, Charles André; pelo Bispo da Diocese de Palmeira dos Índios/AL, Dom Manoel Filho; representando a Diocese de Penedo estava Padre Edinaldo e o presidente da Cáritas Diocesana de Penedo, Antônio Souza; representando a arquidiocese de Maceió, Ângelo Máximo, o presidente da Cáritas Arquidiocesana de Maceió; e representando o Convento Nossa Senhora dos Anjos estava presente Frei Valter. 

Depois das saudações de boas vindas da mesa, foi conduzido o momento orante, retratando o lema do seminário “tudo está interligado como se fossemos um, tudo está interligada nesta casa comum”, com símbolos e elementos. A temática foi socializada pelos palestrantes: Jorge Izidro, Representante da Câmara Técnica de Comunidades Tradicionais – CTCT, no Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco – CBHSF; Profª Adriana Cavalcante do Comitê de Bacia da Região Hidrográfica Coruripe; e o Ambientalista Antônio Jackson). 

– Jorge Izidro em sua explanação mostrou ações de mitigar os efeitos das mudanças climáticas, através dos processos produtivos. Apresentando o projeto “Cozinhar com ecosustentabilidade”, trabalhando o “slow food” – com a filosofia de melhorar a qualidade da nossa alimentação e arranjar tempo para saboreá-la, respeitando a biodiversidade da terra e nas suas tradições, financiado pelo Fundo Estadual de Combate e Erradicação da Pobreza (FECOEP), para um grupo de pessoas residentes da cidade de Piaçabuçu, com material produzido na região da foz do Rio São Francisco. Como ele disse “eu não falo em mudanças climáticas, eu falo de atitudes de mitigação dos impactos das mudanças”, mostrando que a “luta pela biodiversidade não é uma luta qualquer é uma luta do planeta”. Afirmando que “ao tratar de mudanças climáticas é preciso pensar no capital, ambiental e social. Transição agroecológica – capacitação e articulação comunitária”. 

– A Profª Adriana Cavalcante nos apresentou seu trabalho em defesa da preservação, conservação e restauração do rio Coruripe, fazendo a reflexão que os rios independentes do tamanho, da localização e de sua vazão “estão interligados como se fossem um, tudo está interligado nesta casa comum”, mostrando que seu trabalho em defesa do Rio Coruripe pode ser multiplicado para os ribeirinhos do rio São Francisco. Ela trabalha com a educação ambiental e com a recuperação das nascentes, enfatizando que teoria e prática resultam em aprendizagem para a vida. Ela ressalta a importância do trabalho com crianças e adolescentes para a percepção ambiental, na dinâmica do “ver e agir”. Retratou os impactos causados pelo assoreamento – retirada de areia, ações de reflorestamento com a parceria de alguns municípios por onde o rio Coruripe passa. Como reflexão ela disse que “a sensibilização pra cuidar de um rio, ou de outra pessoa depende da sua relação com o mundo, eu não posso cuidar do outro, se eu não cuidar de mim, semeio atitude e salvo planeta”.

– O ambientalista Antônio Jackson iniciou sua fala tratando da semana do meio ambiente, que não deve ser uma semana, deve ser propagado atitudes ambientalmente corretas o ano todo, trouxe logo após apontamentos sobre o histórico do rio São Francisco, sobre o processo de ocupação de suas margens, as construções de barragens, hidrelétricas, sobre a transposição do rio, isso de forma sucinta. Ressaltou também a importância de trabalhar com as crianças a educação ambiental “nossas crianças são os educadores do futuro, os incentivadores das boas manias”. Trouxe também uma reflexão sobre as inúmeras perfurações de poços, prejudicando os aquíferos, que alimentam o rio, chamando isso de “a nova ferida do velho chico”. Levantou a preocupação com o descaso dos ambientes públicos, o descaso com o meio ambiente, o consumo desenfreado, e falta de consciência do ser humano em não preservar bens tão preciosos para a qualidade de vida na terra. “Atos conscientes é um dos caminhos para uma nova sociedade, mais justa e organizada” disse ele.
Depois do almoço retornamos com a discussão da temática, onde os palestrantes fizeram suas colocações e os participantes deram suas contribuições. A partir dessas contribuições foi elaborada uma carta para ser divulgada entre as instituições parceiras, a CNBB, a CBHSF, ao Ministério do Meio Ambiente, as Câmaras parlamentares, gestores públicos, secretarias de meio ambiente municipais e estadual, aos órgãos públicos, as paróquias e aos movimentos sociais.