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DEBATE SOBRE ENERGIA JUSTA, INCLUSIVA E POPULAR GANHA FORÇA DURANTE SEMINÁRIO REALIZADO PELO PROJETO “CUIDANDO DA NOSSA CASA COMUM”

Dentro do território brasileiro, o uso de energias renováveis tem avançado consideravelmente e os impactos ambientais vêm causando um aumento do desequilíbrio de todas as formas de vida do planeta. Especificamente no Nordeste, essa realidade é ainda mais grave. Foi nesse contexto que aconteceu nos dias, 08 e 15 de maio de 2021, de modo 100% virtual, o Seminário “Transição Energética Justa e Popular Para o Nordeste da Gente”, que teve como objetivo principal partilhar experiências exitosas de desenvolvimento sustentável, propor estratégias de ação conjunta e fortalecer as instituições que trabalham para reduzir os devastadores efeitos das mudanças climáticas.

Neste sábado, 15, o evento que reuniu cerca de 60 membros de instituições do Brasil inteiro, parceiras do Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Socioambiental (FMCJS), se concentrou em três pilares do desenvolvimento sustentável: Ambiental, Econômico e Social. Momento importante para o debate sobre as principais tendências reveladas pelas novas tecnologias e o enfrentamento mais efetivo dos desafios causados ao Meio Ambiente pelos grandes empreendimentos geradoras de energia, a exemplo dos Parques Eólicos e Usinas Solares.

Após o momento de acolhida e contextualização do evento, coube a Ângelo Zanré, membro da Associação dos Promotores de Cultura e Cidadania (PROVIDA), sediada no município de Inajá, território da Diocese de Floresta Pernambuco, fazer uma rica e fundamentada memória do primeiro momento do seminário. Em sua memória Ângelo destacou que vivemos uma conjuntura complexa e uma crise sistêmica que levam ao empobrecimento da população.

A primeira exposição ficou por conta do físico e professor da Universidade Estadual do Ceará (UECE), membro do Instituto Terramar, Alexandre Costa, que fez uma excelente apresentação sobre as causas das mudanças climáticas e do aquecimento global, tendo como centro a produção capitalista baseada na superexploração dos recursos naturais e no consumismo desenfreado. Professor Alexandre destacou que as grandes propriedades do agronegócio são as maiores responsáveis pela degradação ambiental, redução da biodiversidade e emissão de CO2, um dos gases que provocam o efeito estufa. “Ocupar grandes propriedades, realizar uma reforma agrária com base agroecológica é uma emergência”, ressaltou o professor. “É preciso avaliar os recursos energéticos, a economia dos grupos e trabalhar as alianças”, destacou.

Dando continuidade às apresentações, a climatóloga, Francis Lacerda, do Instituto Agronômico de Pernambuco, destacou a redução das chuvas no Norte e Nordeste do Brasil, que já podem ser constatadas em pesquisas pluviométricas dos últimos anos. Ela também enfatizou a necessidade de se avançar na reforma agrária, visto que as comunidades tradicionais e as famílias camponesas cuidam bem da terra, produzem alimentos e contribuem com a segurança alimentar. “O surgimento de 130 mil novas propriedades produtivas seria um meio possível de reduzir os impactos ambientais”, disse.

Após interação entre expositores e plenária, os participantes se dividiram em grupos e apresentaram os principais desafios e estratégias concretas para o fortalecimento das bases no enfrentamento às multinacionais predatórias e ao sistema capitalista, a partir de experiências concretas já em curso.

O seminário teve continuidade à tarde, trazendo para o centro do debate a construção de uma Carta Pública, a fim de conscientizar a sociedade brasileira diante deste tema fundamental para a conjuntura política e social, entendendo que a transição energética precisa ser compreendida como parte de um problema ainda maior. Além disso, destacar o consumo contínuo e desenfreado, a acumulação e a exploração descontrolada dos recursos naturais no Meio Ambiente, sem que aconteça uma política responsável e justa, o que vem gerando males à sociedade.

Reconhecendo os vários desafios dessa transição energética, o coordenador do Projeto “Cuidando da Nossa Casa Comum”, Cesar Nobrega, finalizou o momento com agradecimentos a todos e todas presentes, destacando a importância do evento e da parceria com o Fórum de Mudanças Climáticas e Justiça Socioambiental (FMCJS) para a resistência das instituições.

Ivo Poletto, cientista político, escritor e filósofo, também agradeceu o empenho e a colaboração dos parceiros do FMCJS, que, para ele, são partes fundamentais para que aconteça uma verdadeira transição de vida. “Queremos outro mundo e por meio da transição energética justa, inclusiva e popular, viveremos como humanos de verdade”.

O Seminário foi uma realização do “Projeto Cuidando da Nossa Casa Comum” em parceria com o Fórum de Mudanças Climáticas e Justiça Socioambiental (FMCJS), Frente Por Uma Nova Política Energética, Cáritas Brasileira, com o apoio da Misereor.

Matéria de Palloma Pires, do Comitê de Energia Renovável do Semiárido (CERSA), publicada originalmente no site do CERSA: http://cersa.org.br/news/debate-sobre-energia-justa-inclusiva-e-popular-ganha-forca-durante-seminario-realizado-pelo-projeto-cuidando-da-nossa-casa-comum/.