A nova relação do ser humano com a natureza
Por Naielly Christhiny Paz Rodrigues, comunicadora popular e participante do Processo de Formação Continuada e Multiplicadora do Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Socioambiental
Atualmente inserimo-nos numa sociedade cujos valores estão pautados numa perspectiva eurocêntrica e antropocêntrica. Sociedades como as nossas estão infundidas no ideal de natureza como espaço de contemplação e descanso, um ambiente selvagem, ou mesmo como meio para expropriação de recursos lucrativos, como vê o sistema econômico vigente.
O próprio cristianismo leva-nos a olhar a natureza como criação divina feita em prol do nosso bem estar e serviço: “Deus os abençoou e lhes disse: ‘Sejam férteis e multipliquem-se! Encham e subjuguem a terra! Dominem sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se movem pela terra’ .” Gênesis 1:26-28
Quando miramos nosso olhar a outros tipos de civilização, compreendemos que existem diversas formas de nos relacionar com a natureza. Na tradição de muitos povos originários de Abya Yala, por exemplo, não há essa oposição conflituosa entre homem e natureza, tendo em vista que estes reconhecem-se como pertencentes a ela, tal qual os demais animais.
Outras visões a respeito da natureza ainda são possíveis. Ao conversar com um pequeno produtor de hortaliças, por exemplo, é reconhecida por ele a necessidade de conservação do solo, da água e dos demais recursos naturais para manutenção de sua produção e da vida dos outros animais e ele o faz a partir de uma técnica de produção de agricultura orgânica.
Medidas como essa do agricultor são importantes num contexto individual, mas precisam ser ações que se multipliquem, que sejam tomadas como políticas públicas e materializadas em ações coletivas.