Mundo está sujeito à ‘catástrofe’ se ignorar sustentabilidade até 2015
Diretor do Earth Institute, Jeffrey Sachs assinala que combate às mudanças climáticas deve ser imediato: ‘Somos a geração que vai pagar o preço’. Em visita ao Brasil, ele lembra que Conferência de Paris, em dezembro do ano que vem, deve ser fundamental para definição de medidas contra o aquecimento global
RIO – Mais de 20 anos após a Rio 92, os tomadores de decisão ainda não sabem o que é sustentabilidade – ou, se conhecem o termo, preferem ignorá-lo. Esta é a opinião de Jeffrey Sachs, diretor do Earth Institute da Universidade de Columbia e da Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável (RSDS, na sigla em inglês).
Em encontro ontem, no Rio, com reitores de universidades cariocas e autoridades brasileiras ligadas ao meio ambiente, Sachs cravou o mês de dezembro de 2015 como decisivo para a História da Humanidade. É quando ocorrerá a Conferência do Clima de Paris. Espera-se que, no encontro, serão estabelecidos limites para emissões de gases-estufa.
– Chegamos ao fim do curso. Somos a última geração, a que vai pagar o preço. Daí vem a importância do desenvolvimento sustentável – ressalta. – Precisamos de intervenções profundas, como aumentar a eficiência energética de indústrias e na construção civil, livrando estes setores das emissões de carbono.
Sachs condena o governo americano, por não ter “nenhum tipo de plano” contra as mudanças climáticas. Se este exemplo for seguido por outras nações, o mundo estará à beira de uma “catástrofe”.
O Brasil, no entanto, merece elogios. Para ele, o país foi um os que mais reduziu a desigualdade social nas últimas décadas, e também soube conservar a Amazônia.
– Mas ainda há uma série de desafios, inclusive na área ambiental – pondera. – Falta saber, por exemplo, como lidará com o pré-sal e investir em outras fontes alternativas de energia, como a eólica.
Para o diretor da RSDS, os governantes deveriam investir em energia nuclear – “embora, por razões compreensíveis, as pessoas ainda tenham medo dela” – e no armazenamento de carbono, que captura gases poluentes emitidos pela indústria e joga-os debaixo do solo. Ainda não há, porém, a tecnologia necessária para aplicar esta técnica em larga escala.
Presidente da Câmara Técnica de Desenvolvimento Sustentável da Prefeitura do Rio, Sergio Besserman considera que o modo como o mundo lida com as mudanças climáticas ainda pode ser amenizado.
– Já não é possível evitar os cenários ruins, mas ainda podemos evitar os piores – explica. – Decidiremos agora o que ocorrerá nos próximos 20 ou 30 anos. Se continuarmos neste ritmo, até 30% das espécies podem ser extintas até 2050.
A urgência por medidas contra o aquecimento global é fruto da urbanização descontrolada desde a Revolução Industrial. Até então, apenas 10% da população mundial viviam em cidades. Hoje, são 53%; em 2050, serão aproximadamente 67%. No entanto, o acesso a serviços básicos, como energia, água e educação, ainda é restrito em muitas áreas e compromete a prosperidade econômica, a inclusão social e a conservação ambiental – os três pilares da sustentabilidade.
O Rio comprometeu-se a reduzir, até 2020, 20% de suas emissões de gases-estufa. Até agora, 8% já foram reduzidos. A cidade monitora, também, o aumento do nível do mar, uma consequência das mudanças climáticas que afetaria o litoral fluminense.
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