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USO ILEGAL E DESCONTROLADO DE AGROTÓXICOS ALTERA A VIDA, PROVOCANDO DOENÇAS GRAVES NO VALE DO IVAÍ, REGIÃO CENTRAL DO PARANÁ

(Lavouras chegando às margens do rio Ivaí)

A região central do Paraná, politicamente conhecida como Vale do Ivaí, está no Bioma da Mata Atlântica. Uma paisagem completamente devastada pela imposição da monocultura da soja, trigo e milho. Outras culturas tentam sobreviver, entre elas o café, alfafa e alguns resquícios de agricultura familiar. Outras ainda tentam nascer e se manter como a produção de tomate, goiaba, uvas, morangos.

Mas o que mais tem chamado atenção é o uso de agrotóxico e a forma depredadora que alguns produtores rurais têm lidado com o plantio e com a terra. O manejo do solo não respeita a questão ambiental de preservação das nascentes e das matas ciliares, as faixas de mata deixadas são infinitamente menores que as legalmente exigidas.

Ainda se faz necessários estudos mais aprofundados, para que se apresentem dados estatísticos e comprovação do que se relata a seguir, porém a vida cotidiana nos coloca a seguinte situação, para além ainda da questão da não preservação ambiental.

Primeiro o uso indiscriminado e ilegal de agrotóxicos. Indiscriminado porque se usa muito, exageradamente. Ilegal porque o famoso 24D é proibido e não é segredo para ninguém que esse produto é comercializado disfarçadamente em outras embalagens e amplamente utilizado pelos produtores dessa região.

Segundo, são as consequências que já se apresentam preocupantemente. Na região já não se produz mais ou se produz muito pouco, frutas, pois os pés morrem, secando completamente do ponteiro para baixo. Laranjas, poncãs, mexericas, mamão, etc. já não se tem com abundância como antes.

Outra situação gravíssima, que requer estudos, é o índice de pessoas doentes com câncer e crianças autistas na região que podem ter relação com esse uso de agrotóxico. Órgãos da saúde já fizeram alerta de que a situação foge da normalidade e que algo está errado.

A paisagem que conta com o belíssimo e genuinamente paranaense Rio Ivaí, ao longo dos últimos 100 anos com a entrada predominante do capitalismo de exploração e uso indevido da terra, foi redesenhada, transformada e devastada. A fauna e a flora completamente prejudicada, muitas espécies extintas, que deram lugar, primeiramente a cultura do café e da agricultura familiar.

Entretanto, com o passar do tempo, as transformações e a modernização do campo, o espaço foi tomado pela monocultura e pelo êxodo, que de início era rural, agora é urbano também.

Estamos frente a uma região que está se esvaziando do ponto de vista populacional e que está ficando doente. Tudo isso, pode ter explicação no uso indevido e indiscriminado de agrotóxico e na manutenção de uma econômica do agronegócio.

Simone A Quiezi

 Simone Quiezi é multiplicanda do Processo de Formação Continuada e Multiplicadora do Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social

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