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História geológica do estado de Santa Catarina

Texto produzido para o Processo de Formação Continuada e Multiplicadora do Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social.

Autores: Luciano Henning, Fabio Miranda, Gilso Giombelli, Tamirys Taborda, Ezequiel Giaretta e Aline Justino

Redação final: Luciano Henning, Fabio Miranda e Gilso Giombelli

Há mais 270 milhões de anos, a África, América do Sul, Índia, Austrália e Antártica estavam juntas, formando o Continente de Gondwana.

Uma  grande depressão na porção sudoeste do Gondwana foi aos poucos sendo preenchida por sedimentos (areia, sílte e argila de rios e geleiras, depois marinhos, passando de novo a continentais – praias, flúvio-deltáticos, até desérticos), em camadas que recobrem o embasamento cristalino e que constituem hoje o conjunto das rochas sedimentares gondwânicas da Bacia Geológica do Paraná (SCHEIBE et al. 2010).

Para o Estado de Santa Catarina dois momentos podem ser destacados neste processo (SCHEIBE et al. 2010):

No período Permiano (entre 270 e 230 Ma), o desenvolvimento de densas florestas que, cobertas pelas águas e submetidas à ação de bactérias anaeróbicas, à pressão e ao aumento de temperatura pelo soterramento, vieram a constituir as camadas de carvão da Formação Rio Bonito, que ocorrem em superfície na chamada Região Carbonífera do Sul de Santa Catarina;

Nos períodos Triássico e Jurássico (entre 230 e 130 Ma), a formação de um imenso deserto, conhecido no Brasil como Deserto de Botucatu, originando um pacote de arenitos porosos e permeáveis, com 100 a 200m de espessura: o atualmente famoso Aquífero Guarani.

E as terras se movem

Segundo a teoria da Tectônica de Placas, há cerca de 180 milhões de anos teve início o processo de fragmentação do Gondwana, conhecido como Deriva Continental. À medida que os continentes se afastavam, (à velocidade de alguns centímetros por ano), o magma basáltico proveniente do manto da terra ia formando o fundo dos novos oceanos – como o Oceano Atlântico, que até então não existia (SCHEIBE et al. 2010).

Esse mesmo tipo de magma penetrava pelas antigas fraturas da crosta continental, reativadas pelos movimentos tectônicos, espalhando-se então em camadas sucessivas sobre as areias do deserto, e formando um pacote com espessura de centenas de metros de rochas vulcânicas básicas, intermediárias e ácidas que constituem a Formação Serra Geral e que sustentam os Campos de Cima da Serra (SCHEIBE et al. 2010).

No mapa Geológico de SC podemos classificar a litologia  através de 4 faixas, norte sul:

Primeira faixa: em amarelo, começando pelo litoral, rochas sedimentares, sedimentos de rio e marinho (rochas mais recentes);

Segunda faixa: em vermelho, rochas do embasamento cristalino (rochas mais antigas);

Terceira faixa: em cinza e marrom, são as rochas sedimentares Gondwânicas;

Quarta faixa: em verde, todo o Oeste do Estado, coberto pelas rochas basálticas da formação Serra Geral (aquífero fraturado).

Surgimento da Cordilheira dos Andes

             O processo de separação coincidiu com a formação da Cordilheira dos Andes, no lado oeste da América do Sul, provocando um basculamento do continente e o soerguimento de toda a margem Atlântica: de Joinville para o norte, formou-se então a Serra do Mar, e daí para o sul, as íngremes encostas conhecidas como a Serra Geral, especialmente majestosas na Região Sul de SC (SCHEIBE et al. 2010).

Na Era Terciária (25 milhões de anos), começa o soerguimento da Cordilheira dos Andes. A elevação desta cadeia de montanhas a oeste do continente americano ocasionou a formação do anfiteatro onde passam a correr rios que constituem a maior bacia hidrográfica do mundo, a Bacia Amazônica, responsável por 1/6 de toda a água doce do planeta. Este soerguimento alterou, inclusive, toda a circulação atmosférica até então dominante (deserto de Botucatu no sul do Brasil) (PORTO-GONÇALVES, 1989).

Com esta mudança da circulação atmosférica a umidade proveniente da floresta Amazônia encontra-se com a cordilheira dos Andes fazendo que a umidade consiga chegar até o sul da Argentina e principalmente na Bacia do Prata, formando o chamado “Rios Voadores”. Isso explica por que no sul do Brasil não é um deserto.

Referências:

Documentário: agua_vida:

https://www.youtube.com/watch?v=xg4AskwW0HY

Laboratório de Analise Ambiental (LAAm)

http://laam.ufsc.br/

LEFF, Enrique. Et al. Manifesto pela Vida: Por uma Ética para a Sustentabilidade. 2002.

http://www.mma.gov.br/estruturas/educamb/_arquivos/manifestovida.pdf

Palestra do Professor Ademir Reis na abertura da Campanha da Fraternidade (ALESC)

https://drive.google.com/file/d/0B8NzC75TrtDXS1ZwbGRxT0JVZE0/view

Projeto Rede Guarani/Serra Geral

http://www.rgsg.org.br/

PORTO-GONÇALVES, Carlo Walter. Amazônia: ecologia, demografia e soberania contribuição para uma reflexão crítica. GEOSUL, n. 9 – 8 – Ano IV – 29 semestre de 1989.

https://periodicos.ufsc.br/index.php/geosul/article/view/12715/11884

SCHEIBE, Luiz Fernando. Sustentabilidade e as dinâmicas da natureza e do meio ambiente. Apresentação na Disciplina: Análise da Qualidade Ambiental do Programa de Pós Graduação em Geografia – UFSC. 2011.

http://laam.ufsc.br/files/2011/05/sustentabilidade-e-as-Dinamicas.pdfhttp://laam.ufsc.br/

SCHEIBE, Luiz Fernando. BUSS, Maria Dolores. FURTADO, Sandra Maria de Arruda. Atlas Ambiental da Bacia do Rio Araranguá. Florianópolis: UFSC. Ed. Cidade Futura. 2010. 64p.

SOUZA, Marcelo Lopes de. O Desafio Metropolitano: um Estudo Sobre a Problemática Socio-espacial.  Editora: Bertrand Brasil. 2000.